“Você tem alma de velho.”
Um dia disseram.
E repetiram de novo e de novo.
Mas minha alma idosa e que pensava demais sofria muito.
Também era solitária.
Não que ela era sempre triste, isso ela nunca foi. Era só a melancolia.
Porém, ela me ensinava muitas coisas. A desenhar, dançar, escrever, cozinhar, montar pequenas criaturas com dobras de papel, ler um livro de cerâmica em uma aula de Direito…
A tristeza veio quando eu prendi essa parte de mim numa esquina qualquer dentro da minha mente para esquecer quem eu era.
Ainda bem que a bendita não desistiu, fugiu da prisão, achou o caminho de volta, mais o bônus de um belo tapa na minha cara.
E a velha dentro de mim ensinou a nova o que é ser.
Ainda não sabemos.
Talvez nunca encontremos.
Mas, pelo menos, não empurrarei a vida sem a alma que tenho.