Casa

A. C.
2 min readJan 12, 2019

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O Controle se esvai como se ele nunca estivesse presente.

A Paciência tenta controlar a situação caótica que a sala se encontra.

A Desesperança toma conta do sofá expulsando qualquer convidado de sentar ali.

Dúvida continua passando os canais da televisão, sem decidir nenhum.

Ansiedade se encontra na cozinha, cortando coisas que não deviam ser cortadas e apimentando sabores que são melhores brandos.

Mau-humor chega acompanhado da Tristeza, não demora e aparece a Desilusão para completar a trindade.

Esperança está espremida em um canto, mas logo se cansa e coloca todos para jogar um jogo. Eles reclamam, mas são logo calados por Determinação que ninguém sabe de onde veio exatamente.

Organização empurra Desesperança e arranja um espaço no sofá, bem como consegue que abram um pouco as janelas para ventilar a casa abafada.

Loucura entra rindo, acompanhado de Juízo em seus calcanhares. Uma batida tímida ecoa na porta, mas ninguém ouve pois estão todos concentrados demais no jogo a sua frente.

Ela vem e ninguém percebe, cansada de esperar na porta, pula no batente de uma janela e se esgueira para dentro da casa. As Confusões riem, ainda ignorantes a sua presença.

O jogo acaba e estão todos satisfeitos, pequenos sorrisos brotam aqui e ali. Acusações de trapaça brotam e são logo esquecidas abafadas por risos.

“Alguém viu a Felicidade?” – Mau-humor pergunta. Todos se olham e por fim, dirigem seu olhar até a porta; ainda conseguem vislumbrar o pé virando a esquina e indo embora.

“Alguém vai atrás dela?” – diz Desilusão.

“Não, ela vem e vai quando ela quer. Ela não fica muito tempo para as pessoas não ficarem mal acostumadas.” – explica Tristeza.

“Mal acostumadas com FELICIDADE?!” – espanta Desilusão.

“Se ficássemos sempre em cima do morro, não aproveitaríamos a glória de subí-lo e observar a paisagem lá em cima. Precisamos ver embaixo para aproveitar cada segundo com mais intensidade.” – continua a Tristeza.

“Por isso todo mundo prefere sua irmã, ninguém nunca entende nada do que você fala.”

E tornaram a brigar mais uma vez.

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