Marasmo

Antes, minhas ideias morriam na praia, após uma noite turbulenta em um mar revolto.

Agora, espero elas na costa, ansiosa por algum aparecimento repentino me retirar desse isolamento profundo, mas o oceano olha para mim apático.

Não há vento cantando suas mensagens obscuras e as vozes das sereias permanecem quietas na paisagem molhada e arenosa.

Grito desesperada no vazio repentino…sequer o eco volta para me encontrar.

As chuvas não descem o rosto e o repuxar das redes dos pescadores não esticam a pele da boca.

Para quem sempre viveu nos extremos dos climas, o tempo ameno é avassalador.

Continuo a aguardar o próximo temporal ou o próximo estalar de fogueiras.

Afinal, tempos de paz não contam histórias nessa terra.

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Eu sou a pessoa do outro lado do espelho.

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