A garota não sabia o que era amor.
Ela andava sufocada na multidão com o álcool pulsando pelo seu corpo e a música incessante em seus ouvidos.
Seus amigos riam e dançavam e flertavam e bebiam e inebriavam o ar com sua felicidade juvenil.
Ela olhava para eles como alguém olha para um aquário de peixes coloridos. Havia um vidro entre eles.
Qual era o problema dela?
A música trocou, ela gostava dessa específica.
Virou mais uma cerveja e a mente fez o resto.
Seu corpo se moveu conforme a música, deliciado.
Não esbarrava nas pessoas a sua volta enquanto batia seus pés no ritmo da batida.
Virou para o lado e durante um segundo, seus olhos se encontraram.
Ele parecia tão perdido quanto ela.
Desviaram o olhar.
Voltaram de novo.
Chegaram mais perto.
Desvia.
Volta.
Chega.
Nesse acordo não verbal começaram a se mexer juntos.
A música continuava a tocar, as luzes lançavam cores estranhas sobre a multidão.
Verde.
Esquerda.
Roxo.
Direita.
Vermelho.
Meia volta.
Azul.
Um giro.
Amarelo.
Mãos para o alto.
Eles riram, a situação era ridícula.
Não precisavam falar para se entender. Não trocaram uma palavra.
Apenas dançaram.
Continuaram a pular e o ápice veio.
Sintetizadores pulsavam.
A bateria enlouquecia.
Letras em inglês que ninguém entendia saiam dos auto falantes.
A música acabou.
A garota se deu conta que continuava parada com a garrava de cerveja na mão.
Suspirou.
Olhou o relógio.
Meia noite era um horário razoável para ir embora e dizer que aproveitou a noite.
A garota esbarrou em alguém na hora da saída. Pediu desculpas. Ele mal percebeu quem lhe encostara com a algazarra que seus amigos faziam na sua frente.
O garoto não sabia o que era amor…