Minha versão velha se encontra com minha versão nova e grita com ela até seus pulmões derreterem.
A cena se repete toda vez que eu acordo de manhã.
E a cada dia um pedacinho deles morrem.
Dos sonhos, eu digo, e não das minhas duas versões.
Meu mundo é eternamente cinza.
Não fique com pena de mim, a escolha foi minha de ceder às pressões externas e me enfiar em algo descabido.
Em vez de me livrar acabei me encarcerando em uma prisão de segurança máxima da qual mesmo tendo projetado, não sei onde coloquei a saída.
Eu rio e choro ao mesmo tempo, brigo comigo mesma, enquanto procuro a chave para sair daqui.
Mas, sinceramente, não sei do que tenho mais medo.
Passar o resto da existência nessa gaiola monocromática ou abrir a porta e descobrir que o monstro, na verdade, está lá fora.